terça-feira, 9 de junho de 2009

Columbano nas Comemorações do Centenário de Camões




Gravura de Columbano Bordalo Pinheiro, Luís de Camões (1880, Museu do Chiado).
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Em 10 de Junho de 1880, realizaram-se as celebrações do Tricentenário da morte de Camões. Para esse efeito foi reunida uma comissão da imprensa que organizou os festejos, composta por Teófilo Braga, Ramalho Ortigão, Eduardo Coelho, Luciano Cordeiro, Rodrigues da Costa, Pinheiro Chagas, Jaime Batalha Reis, Magalhães Lima e Rodrigo Pequito. Todos eles eram personagens importantes no campo da literatura e do jornalismo.
Para estas comemorações, foi organizada uma «manifestação cívica» e «não oficial», que pretendia reatar o «fio da solidariedade nacional», ensinando «ao povo como é que, pela eloquencia sublime dos “Lusíadas”, entramos hoje na corrente do espirito europeu» (Ocidente). Os festejos compunham-se de variadas iniciativas, entre as quais se contava a organização de um cortejo, onde participaram alguns artistas. Escreveu a este propósito Rangel de Lima, afirmando que as artes portuguesas não podiam deixar de tomar parte nestas «manifestações de admiração ao Poeta», pelo que alguns artistas prestaram-se a «dirigir os trabalhos», «para que os diversos carros que hão-de figurar no cortejo sáiam dignos de tão faustosa cerimonia».
Foi realizado um desfile de carros triunfais, com subsídio do governo e organizado sob a direcção dos artistas, formando um grande «préstito cívico e triunfal», que se reuniu no dia 10 de Junho na Praça do Comércio. O trabalho de concepção dos carros fora coordenado pelo arquitecto José Luís Monteiro. Columbano desenhou um carro das Colónias. Também participaram Silva Porto, José Luís Monteiro, Simões de Almeida, Pereira Júnior e Tomasini. Todos os artistas tiveram o seu retrato publicado no número do Ocidente de 1 de Agosto desse ano, homenagem feita em resultado do «esforço sincero que (...) empregaram para que as festas do centenario tivessem a feição que deviam ter quando se tratava de commemorar o artista supremo da literatura nacional».
Ainda dentro do espírito das comemorações, Columbano executou um desenho representando Luís de Camões (1880). O modelo era o poeta João de Deus e o retrato foi passado a gravura, de forma a ser publicado na edição de Os Lusíadas do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro. É de mencionar que esta publicação continha um prefácio crítico da autoria de Ramalho Ortigão, escritor que considerava ser este um «retrato magnífico que lembra pelo estylo uma bella agua forte da Renascença e pela expressão intensa da figura revela do modo mais fiel a physionomia historica do personagem».
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Texto de Margarida Elias.

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