quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O Espelho

Pintura de Sir Edward Burne-Jones, O Espelho de Vénus (1875, Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa).
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Ó meu espelho d'aço! Muito Amigo
Que me diz as verdades francamente,
me vê doente, quando estou doente,
E sã, se sã me mostro ao seu postigo;
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Voz que repette aquilo que eu lhe digo,
E muda, quando mudo de repente,
Olhar que me desenha Claramente,
Do meu sentir o mais fiel abrigo:
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Mas tu, preferido Amôr! O espelho d'alma
Que reflecte a minha pura e calma -
Embaciou-te a luz d'outra paixão:
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E hoje, se o meu olhar no teu confundo,
vejo a íris negra d'esse mar profundo
E n'ella os traços meus procuro em vão!
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Soneto de 1916, assinado «Azul»
in Espólio de Columbano Bordalo Pinheiro.

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